terça-feira, 29 de dezembro de 2009

.:Irmãos:.

Estava deitada esperando adormecer, dando aquela geral na vida, pensando nas coisas do dia, nas pessoas e em saudade... foi quando me veio a mente os meus irmãos. Que coisa de louco é a irmandade! Como pode, somos sangue do mesmo sangue, feitos com os mesmos "materiais" e ao mesmo tempo somos iguais e diferentes. É incrível pensar nisso. Eu que agora moro longe dos meus irmãos, quando eu encontro com eles, vejo neles um sorriso igual ao meu, um jeito de se expressar, um olhar parecido. Isso pode ser um sinal do despertar da maturidade ou ainda um reflexo da distância , já que quando moramos perto, a correria e o dia-dia faz com que não vejamos essa sutiliza nos gestos e expressões. Talvez seja por isso, que brigamos tanto, pois vemos neles nós mesmos, e é muito difícil aceitar esse reconhecimento.

Com os irmãos temos os nossos primeiros atos de sociedade, principalmente quando aprendemos a dividir, sendo isso, claro, muito difícil . Na minha geração, que é a dos anos 80, onde ainda não tinha essa variedade de brinquedos que tem hoje, sabe o que era mais legal? Era ficar enchendo o saco dos irmãos, que o diga eu com meu irmão mais velho, pensa num guri tinhoso! Estava sempre na minha volta aprontando uma, para eu chorar. Mas eu também não saí por menos, quando veio o caçula...ahh.. eu me vinguei, o coitado tinha que brincar de boneca comigo, tinha que ser meu aluno quando eu brincava de dar aulas... ohh saudade!

Para os meus irmãos eu dedico a minha saudade!
Saudade do que foi e do que é nossa irmandade.
E que mesmos distantes, somos tão semelhantes e muitas vezes tão diferentes.
Saibam ainda, que vocês fazem parte do que sou, pois me reconheço em vocês a cada encontro.

.: Sem direito de sofrer:.


Dworkin (no livro FELICIDADE ARTIFICIAL; EDITORA PLANETA) e Monica (filósofa clínica; professora do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo), questionam um dogma da sociedade contemporânea: a obrigação de ser feliz. Não há espaço para um dia de mau humor ou um momento de crise. O padrão é a felicidade incondicional. "As pessoas não têm mais o direito de sofrer. Então, sofrese em dobro", adverte o escritor francês Pascal Bruckner no livro A EUFORIA PERPÉTUA (ED. BER - TRAND BRASIL). De acordo com o autor, a felicidade deixou de ser um direito para se tornar um dever a partir do século 18, inversão que se consolidou no século 20, depois de 1968, quando o prazer passou a ser o principal valor da sociedade ocidental. Daí houve uma distorção no conceito de felicidade, hoje ligado a uma sucessão de episódios efêmeros de bemestar e emoções de curto prazo.Quem não corresponde à exigência de ser feliz é tido como doente. Para cada estado de espírito, confundido com sintoma, há uma solução fácil: a tristeza é aliviada com antidepressivos; a ansiedade, com tranqüilizantes. Por isso, entre 2001 e 2005 ocorreu uma explosão no consumo de psicotrópicos no Brasil, sobretudo entre mulheres, conforme pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas realizada em 108 cidades. "A mulher tem mais probabilidade de sair de um consultório com uma receita de tranqüilizante ou antidepressivo que o homem", avi sa a psiqui atra Florence Kerr Corrêa, da Faculdade de Me dicina da Unesp em Botucatu (SP). As principais usuárias têm entre 35 e 45 anos, estão insatisfeitas com o casamento, com o trabalho, com o corpo ou vivem sob tensão, diz a médica. A pedagoga Denise, 45 anos, casada, dois filhos, pode estar nessa lista: "Tomo Valium há dez anos. Sou preocupada: fico programando o dia seguinte e não consigo dormir. O remédio me ajuda a desligar, relaxar. Na escola onde trabalho, quase todas as mulheres usam algum remédio. Sei que fiquei de pendente, mas adoro tomar o tranqüilizante e desmaiar".
*Esse texto foi lido e retirado por mim da coluna saúde da revista Claúdia/ Editora Abril.

domingo, 27 de dezembro de 2009

.: A depressão do Natal:.

“Há quem sinta tristeza nessa época festiva. Uma das soluções é ajustar a época à vontade própria.”

Ruas e árvores iluminadas, propagandas cheia de apelos ao consumo, centros comerciais lotados de pessoas andando pra lá e pra cá – dando aquela sensação que parece que o mundo vai acabar- e intensas trocas de e-mails, mensagens de fim de ano. Estar com os outros e para os outros é um ritual quase obrigatório, que gera angústia e desconforto em quem não lida bem com o espírito natalino.

A depressão de Natal, ou o estado melancólico que atormenta muitas mentes durante essa época festiva, é comum. Acumula os dissabores de um ano que, no começo, se manifesta promissor: perdas de familiares, crises existenciais (problemas psicológicos ou outras doenças, separações), problemas financeiros e expectativas frustradas. Acompanhado de incómodos físicos ou não, o estado de espírito cinzento traz condutas saudosistas – do tipo -quando eu era criança é que era bom.
“A depressão de Natal é uma reação a uma frustração”, nota a psiquiatra Maria Antónia Frasquilho. No entender da médica, o problema instala-se quando se atribui um significado negativo à esta época do ano, sem qualquer esforço para se adaptar a ela e daí tirar partido. O sofrimento a que muitos se agarram, condenando a febre consumista e a suposta hipocrisia reinante, não ajuda: -Dizer que o Natal é todos os dias também se revela uma ilusão e um pretexto para fugir ao convívio com os outros, que se encara como difícil.

Dar o seu próprio significado à época, reinventando a fórmula que melhor se ajusta a cada um, é a sugestão da clínica.

.: Neste momento:.

...Calma pra contar nos dedos
Beijos pra ficar aqui
Teto para desabar
Você para construir...


Trecho da canção Esconderijo de Ana canãs.

sábado, 26 de dezembro de 2009

.:Esperança:.


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA.
Mário Quintana

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

.: A crise do limbo:.

Nesta época de fim de ano, a gente começa a refletir e pensar em como quer que seja o próximo ano, pensa na vida, nos planos...e também como toda a mulher, na idade. Eu particularmente, já no primeiro dia do ano fico mais velha. E este ano, vou para casa dos 29 anos. Nesta semana, conversando com algumas amigas de longa data, sobre crise no casamento, filhos, independência, vida profissional, homens, trabalho...descobri que estou na crise do limbo.

Este diagnóstico feito por minhas amigas, mudou a minha vida! Sabe todos aqueles conflitos internos e externos que tu passa e parece não ter solução, e tu não consegue entender como pode estar acontecendo isso, se antes estava tudo tão bem, isso chama-se crise. Mas quando acontece perto dos 30 é chamada de crise do limbo. No começo tu pensa que é TPM, mas depois passado semanas e até meses, tu pensa não, isso não pode ser normal. Segundo minhas amigas, a crise do limbo se dá quando tu não sabe se vai para o céu ou para o inferno, quando tu vê que as coisas estão estranhas e não sabe para que lado ir. Isto acontece mais precisamente nesta época da vida, porque nesta fase a mulher repensa a sua vida, se questiona a sua vida até ali, e é como se tivesse que decidir da noite para o dia como chegar aos 30 de uma maneira mais feliz e realizada. E o mais engraçado, é que pensamos que essa decisão tem que ser para sempre. Como se fosse um divisor de águas, bom, até aqui eu vive minha juventude, fiz alguns acertos e alguns erros, mas tudo é perdoado, porque ainda estou na casa dos 20. Mas depois dos 30, ah aí é outra história!... Pura bobagem!

Depois dessa conversa parece que as coisas melhoraram para mim. Não que resolveu os meus problemas e meus conflitos. Mas passei a me sentir normal. -Hum!! não sou só eu que sinto isso!-
E como todo conselho de amiga vale a pena, o melhor para sair dessa crise, segundo elas, é ficar aonde estar, não ir nem para o céu e nem para o inferno. Fique onde está, deixa a vida te levar, como diz Zeca Pagodinho, que com o tempo as coisas vão se clarear.

Ahh!! o que seria das mulheres sem um bom conselho de amiga para clarear nossas idéias.

.:Se o Ano Novo fosse de carne e osso:.

Se o Ano Novo fosse uma pessoa de carne e osso eu pediria para ele vir de mansinho, que chegasse na pontinha dos pés, sem muito barulho. E por ele ser novo, que viesse de roupa nova. Mas naquele estilo básico, como um jeans e uma camiseta, sem muitos adereços e com aquele toque sútil e elegante, que apenas um detalhe faz a diferença. Gostaria que ele fosse cortez, romântico, mas não avassalador. Que ele fosse compreensível, pois estou saindo de um ano velho, e portanto tenho algumas pendências para resolver.
Como um bom Ano Novo, que ele trouxesse muitas alegrias, e algumas tristezas também, para não parecer surreal. Se pudesse que me trouxesse flores, e muitos chocolates. Gostaria que ele me desse uns conselhos, mas que me escutasse também, e de preferência muito!!... pois eu gosto de falar, e que mulher não gosta. Que fosse amigo, companheiro... Enfim, se eu pudesse te pedir e tu me escutar, gostaria que viesse para acalmar, para me encorajar. E daí, quem sabe, né Ano Novo!!.. eu posso até por ti me apaixonar!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

.:Para o Ano Novo:.


E aí, quais são as novidades? Vai se fazer de misterioso mais uma vez? Ando curiosa para saber o que você pretende comigo.

Não quero parecer ansiosa, mas estou contando os dias para a sua chegada. Acho até que vou colocar uma roupa nova para esperar você na entrada; faço questão de que me encontre bonita.

Para começarmos com o pé direito, como você gosta, vou comprar uma garrafa de champanhe; brindaremos à nossa saúde no momento em que cruzarmos os olhos. Feliz - é assim que o quero, Ano Novo, e farei tudo ao meu alcance para que isso seja possível. Se dependesse de mim, sua estadia entre nós seria uma alegria após a outra. Receio, porém, que de mim pouco dependa.

Por exemplo, sendo você ano de eleições, haveremos de manter contato com as duas piores coisas que existem no nosso país: os políticos e os horários políticos obrigatórios. É realmente uma pena que você e o Ano Velho não tenham chance de se encontrar, pois ele, que está de saída, poderia lhe contar como ficou marcado para sempre pela corja da corja que aqui ele conheceu - ou há gente pior que a que rouba de hospitais públicos e depois se faz de vítima nos palanques?

Pois bem, fora essas e mais uma meia dúzia de prováveis tragédias mundiais, não prevejo outros problemas no decorrer de sua presença. Na verdade, com a quantidade de festejos e comemorações com que o enchem aqui no Brasil, você passa entre nós quase sem ser percebido. Quando começarmos a nos restabelecer das festas da sua chegada, já estaremos no Carnaval. Depois, vem o feriado da Semana Santa, e aí são as férias de julho, e, de repente, você já está arrumando as malas para ir embora.

Falando nisso: gostaria de dizer que eu não tenho expectativas em relação ao que você vai me trazer, mas tenho. Principalmente porque você sabe tudo de que eu preciso e tem espaço suficiente para que várias dessas coisas caiba

Sabe também que eu não sou muito fã de surpresas, então não se esforce demais para me surpreender. Se por acaso me trouxer algumas más notícias, tudo bem, mas tente não ser abrupto. Sei que vários problemas estão fora do seu alcance; portanto, prometo não me aborrecer caso algo não venha como eu esperava.

Traga o que trouxer - fique tranqüilo -, você será recebido com foguetes. Pois sua chegada, sempre tão pontual e garantida, com suas promessas, sempre tão amplas e verdadeiras, renova, em todos nós, a esperança que vai-se embora, um pouco, a cada dia. E, ai, ai, ai, já está chegando a hora. Minhas simpatias,

Fernanda Young*

P.S.: caso venha com muito dinheiro no bolso, conforme espero, cuidado com os assaltos.

*Fernanda Young é escritora, roteirista e apresentadora de TV